Não queremos que nossa Loja seja apenas mais uma loja maçônica. Queremos e trabalhamos para que seja um Estado de Espírito. Queremos um centro de solidariedade, onde todos sofram as aflições e comemorem a justa satisfação de cada um. Queremos um templo azul, untado pelo orvalho de Hermon, onde cada irmão possa sorrir com os olhos, o coração franqueado à compreensão e à razão predispostas ao diálogo.

Queremos ver os irmãos, todos os dias, ouvir idéias e ouvir críticas sinceras e responsáveis às nossas idéias. Queremos divergir e, assim, convergir no mesmo ideal.

Não queremos apenas mais uma loja maçônica.

Queremos uma loja livre, que ajude a libertar. Queremos uma loja igual, onde todos realmente se igualem. Queremos uma assembléia onde se possa debater com a liberdade e a simpatia que estão ausentes no mundo profano. Queremos uma oficina onde todos aprendam juntos a compreender os desígnios do Grande Arquiteto do Universo. Não desejamos apenas uma loja onde prevaleça à vontade de alguns.

Queremos uma loja onde a maioria respeite as convicções da minoria, onde se cultive a fraternidade sinônima de amor sem condições e perdão, sem restrições.

Queremos uma loja dedicada à construção de um templo diverso do templo profano: um templo mais amigo, mais piedoso e, sobretudo mais justo. Não desejamos uma loja de elite, insensível e presunçosa.

Queremos uma pequena comunidade onde todos sejam lideres de suas próprias crenças, onde cada irmão perdoe os defeitos alheios na mesma medida em que lhes são desculpados os próprios senões.

Não desejamos uma loja, onde todos cumpram seus deveres somente porque a lei exige.

Queremos uma loja de cargos simbólicos, onde não haja apenas contribuintes, aonde todos venham pelo puro prazer de vir, uma loja que faça da vida de cada um, do credo pessoal de cada um, do modo de ser de cada um.

Não desejamos uma loja de maçons perfeitos.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos livre dos homens perfeitos. Eles nunca erram, porque jamais acertam. Eles nunca perdoam, porque jamais amam.

Queremos uma loja de maçons que mereçam a caridade que fazem a si próprios e ao próximo, porque ninguém é uma pedra polida. Não desejamos uma loja completa.

Queremos uma loja onde não haja erros e acertos, mas que se procure em cada vocábulo emitido, o quanto de amor transmite. Queremos uma loja onde haja equívocos, contradições e, até mesmo, ilusões. Queremos uma opção de aprimoramento espiritual.

Não queremos uma loja que privilegie o ingresso de profanos pela ostentação de suas riquezas materiais e, sim uma loja que privilegie o ingresso de profanos ricos em ideais e idéias. Pois, se todos nós estamos aqui é pela pratica deste entendimento pelos nossos antecessores.

Queremos uma loja onde ninguém se eleve senão pelo trabalho, onde ninguém se acomode, onde todos sejam eternos insatisfeitos.

Queremos uma loja onde o segredo não precise ser jurado e continue segredo.

Queremos uma oficina humilde e crítica.

Não o Cristo lenda do cristianismo que só compreendeu quando o crucificaram, mas o Cristo dos aflitos e dos andarilhos.

Não queremos apenas mais uma loja maçônica. Queremos uma loja de pequenas dimensões e grandes obras, onde, um dia, possa fazer do meu filho, meu irmão.